Em 2005, O Boticário lançou uma campanha original
centrada no mundo da fantasia. Com a campanha “Contos de Fadas” produzida pela
agência AlmapBBDO, foram apresentados quatro anúncios e quatro outdoors tendo
como personagens principais a Branca de Neve, Cinderela, Bela Adormecida e
Capuchinho Vermelho. A análise aqui, foca no anúncio da personagem Branca de Neve.
A mensagem
na imagem diz o seguinte:
“Era uma vez uma garota branca como a
neve,
Que causava muita inveja
Não por ter conhecido sete anões
Mas vários morenos de 1,80 m.”
Começando pela Retórica Aristotélica, o Pathos e Ethos se destacam no anúncio. O Ethos, pelo caráter de confiabilidade na marca que o anúncio
denota. Como se dissesse “se você usar O Boticário vai conquistar vários
morenos de 1,80 m, assim como a Branca de Neve.” O Boticário usa dos seus mais
de 35 anos de mercado, consolidação e aceitação da marca para reforçar a
qualidade do produto e , sendo assim, a garantia para satisfazer os desejos do
público alvo.
O Pathos
refere-se ao objetivo do anúncio de suscitar determinados sentimentos no
público alvo, o público adulto feminino. O sentimento de desejo. Desperta o desejo
de ser desejada pelos homens. E para ser desejada, nada mais útil que usar O
Boticário, não é?
Há, nessa propaganda, como se percebe, uma inversão, ou
uma subversão do discurso infantil presente na mensagem do texto verbal, isso porque
ele não mais intenciona alcançar o público infantil, mas sim o adulto: a mulher,
portanto, se usar os produtos do Boticário, conhecerá (e conquistará) vários
morenos de 1,80 m, diferentemente da heroína, que envolta em inocência (própria
da ingenuidade pueril), conhece apenas sete anões. Um toque de malícia foi dado
a todas as mulheres utilizadas nesta campanha, e os próprios slogans demonstram
que são elas que controlam a sua vida.
O anúncio se baseia em mecanismos de identificação, pois, remete
o leitor ao conto de fadas original, Branca
de Neve e os Sete Anões. Para o público a narrativa soa familiar, pois, a
maioria (senão todas) as pessoas já ouviram a história original do conto quando
crianças. Ao mesmo tempo, o anúncio usa da identificação
novamente ao trazer a narrativa do conto de fadas para a realidade do público
adulto feminino: o de conquista de homens.
O anúncio se configura também, pelo emprego de conteúdos implícitos. A mensagem não
diz explicitamente o que se deseja. O anúncio usa de um trocadilho entre a
história do conto de fadas e a realidade do público feminino (“Não por ter
conhecido sete anões, Mas vários morenos de 1,80 m.”) e o leitor, ao se
identificar com a mensagem, decodifica o sentido.
Os conteúdos implícitos
estão muito presentes na estética e elementos não verbais do anúncio. O posicionamento da maçã num primeiro plano
simboliza a passagem da ingenuidade para a sensualidade, já que essa fruta tem
uma representação bíblica de pecado, mas ao mesmo tempo, ao analisar a mulher
moderna, nota-se que a mesma já não se priva de envolvimentos carnais. A cor
quente vermelha, presente na fita do cabelo, na alça do vestido e na boca da
Branca de Neve, reforça a idéia de mulher decidida, forte, sedutora e
independente, que figura o mundo contemporâneo.
A mensagem contida no anúncio, desperta humor no público.
Começa contando a história original do conto, e posteriormente, a mensagem
desencadeia para um final imprevisível. A inveja que cerca a Branca de Neve não
é pelos sete anões e sim pelos morenos de 1,80 m. Há essa quebra de
expectativa. Um diálogo entre a narração original e a mensagem publicitária
criada. Há, portanto, uma intertextualidade.
A campanha realizou com maestria a relação das princesas de contos de fadas com o mundo contemporâneo. A publicidade ficou marcada pela criatividade e ousadia.
Texto por Caio Gonzaga
Texto por Caio Gonzaga
Intertextualidade
ResponderExcluirMuito bom!
ResponderExcluircorreções:
aqui foca
pois remete
também pelo
pois a maioria (senão todas) das