quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Análise de crítica cultural: Os Miseráveis/Les Misérables (2012)


Em 2012, Tom Hooper decidiu trazer para as telonas mais uma versão de Os Miseráveis. O longa é baseado no musical "Les Misérables", de Alain Boublil, Claude-Michel Schönberg e Herbert Kretzmer - este é baseado no romance de mesmo nome, do francês Victor Hugo, escrito em 1862. No elenco: Hugh Jackman, Russel Crowe, Anne Hathaway, Amanda Seyfried, Helena Bonham Carter e outros. No Brasil, o filme teve sua estreia em 1 de fevereiro de 2013. A produção recebeu 8 indicações ao Oscar e venceu em três categorias: Melhor Atriz Coadjuvante - Anne Hathaway; Melhor Mixagem de Som - Andy Nelson, Mark Paterson, e Simon Hayes; Melhor Maquiagem e Penteados - Lisa Westcott e Julie Dartnell.


Você pode ler a sinopse do filme clicando aqui.


Trailer legendado:

A seguir, uma análise completa da crítica escrita por Natália Bridi, em 31 de janeiro de 2013, para o site Omelete.

Você também pode acessar a crítica na íntegra, clicando aqui.

Temos, no início da crítica, uma apresentação do real, onde a autora da crítica oferece as origens da obra literária que baseou o filme. Ela já intenta criar uma ressonância, apresentando uma descrição do real, que compartilha com o público uma visão de mundo evidente. Ela consegue trazer, já no primeiro parágrafo, uma junção de apresentação do real com a ressonância, invocada por expressões como “o peso das classes sociais” e “desigualdade”.
A seguir, apela para o sucesso da obra literária que baseou o filme: “... milhares de exemplares vendidos em apenas 24 horas...”, “... publicações simultâneas pelo mundo...”, “... incontáveis adaptações ao cinema e à TV...”. Enfim, vários exemplos são usados nesse argumento de qualificação, evidenciando a qualidade da obra.
A autora não deixa, é claro, de citar o diretor da produção, Tom Hooper, lembrando de seu sucesso por “O Discurso do Rei”, uma recordação de fatos que constitui um reenquadramento do real, além de servir como argumento que confirma a competência e a experiência de Hooper.

Hugh Jackman, como Jean Valjean

Quando a autora começa a se focar na produção, faz novamente o reenquadramento do real, descrevendo agora o roteiro do filme, que pode surpreender por seu formato cantado - literalmente. Afirmando que a versão “soa estranha àqueles acostumados com musicais mais leves ou para quem simplesmente odeia o gênero”, Natália desperta a curiosidade, ao fazer pensar numa maneira nova de ver as coisas. Além de criar interesse no leitor, quando diz sobre a característica “realista dentro de um universo teatral” da produção.

Anne Hathaway interpreta Fantine

A autora também faz uma ampliação, acentuando a cena em que a personagem Fantine canta “I Dreamed a Dream”. Em certo momento, é trabalhado um jogo de associação e dissociação entre “cantar ao vivo, ao invés de usar canções gravadas em estúdio” – aqui, Natália usa de qualificação para valorizar a atitude, dizendo que “o filme transforma simples encenação em atuação”. Mas uma observação a ser feita é que ela faz questão de lembrar como as “quase três horas cantadas são cansativas e ora desafinadas”. Mesmo especificando que o filme não é “um produto para todos os públicos”, falar dessa forma sobre a decisão pelas canções ao vivo acaba por se tornar certo vacilo, porque além de deixar transparecer uma opinião pessoal - totalmente repudiada por Cintra Torres em seus estudos sobre crítica - Natália, nesse exato momento, diminui toda a argumentação bem construída até agora, para tornar maior a probabilidade de o leitor perder o interesse no filme.
Depois, ela volta a usar afirmação pela autoridade, ao citar o diretor de fotografia Danny Cohen, também rebuscado de “O Discurso do Rei”. E, então, começa a apresentar suas impressões sobre os aspectos técnicos do filme: fala sobre enquadramento, close-ups, etc. Aproveita para valorizar a sequência do perdão do Bispo e a decisão de Valjean por tomar novos rumos – qualificação e ampliação.
Inspetor Javert
Mesmo julgando a “paisagem criada digitalmente” na cena do inspetor Javert cantando no telhado, Natália faz elogios ardorosos à direção de arte e seu trabalho com as cores.
Madame e Monsieur Thénadier e Cosette
Ela segue trabalhando com a amplificação, enumerando e descrevendo os personagens; e também cita algumas canções, dando crédito a Sacha Baron Cohen e Helena Bonham Carter pela atuação em “Dog Eats Dog”.
No fim, a autora faz uma associação da obra de Victor Hugo com a produção, elogia o trabalho de adaptação e, usando de valores comuns, planta no público, mais uma vez, o interesse e a curiosidade.

Excetuando alguns deslizes que acabaram por expor sua opinião pessoal e desviar a atenção de um público não compatível com esse tipo de projeto, considero a crítica de Natália muito bem trabalhada e muito positiva, já que, além de organizar muito bem os argumentos – apresentados em abundância por toda a crítica -, ela aponta as principais informações e características do filme; e faz isso com riqueza de detalhes. Sendo assim, se alguém pensar em assistir ao longa, mas se sentir desmotivado por falta de conhecimento a respeito do trabalho, não poderá dizer isso depois de ler essa crítica.

Texto por Geisiana Gonçalves de Almeida

Um comentário:

  1. Muito boa a análise!!

    correções:

    onde a autora da crítica oferece as origens
    em que a autora da crítica oferece as origens (onde é usado apenas para fazer referência aos lugares)

    crítica -,
    crítica,

    Mesmo julgando a “paisagem criada digitalmente”
    Mesmo julgando de forma negativa a “paisagem criada digitalmente”

    a decisão de Valjean por tomar
    a decisão de Valjean de tomar

    ResponderExcluir