domingo, 12 de outubro de 2014

Análise de crítica cultural - Doctor Who 8X04: Listen

A análise a seguir diz respeito à crítica escrita por Luiz Santiago, editor-chefe do site Plano Crítico, e publicada no dia 15 de setembro de 2014, acerca do episódio "Listen" da oitava temporada da série de televisão de ficção científica "Doctor Who".




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Em seus primeiros parágrafos, a crítica atrai a atenção do leitor ao dizer  "Se você viu Listen apenas uma vez, eu sugiro que separe mais 45 minutos do seu tempo para vê-lo novamente. O episódio é mais um labirinto de mentes escrito por Steven Moffat". Dessa forma, pode-se observar que a adesão do leitor à opinião se faz por meio da curiosidade.

É também no começo do texto que há um sistema avaliativo de "estrelas" (zero a cinco estrelas, que sintetizam a avaliação do objeto cultural em estudo), uma síntese do enredo, para que o leitor saiba do que se trata a crítica,  referências a outras obras do diretor e uma avaliação da direção, da fotografia, do roteiro e dos personagens. Estes aspectos, segundo José Luiz Braga, no capítulo "Crítica Jornalística de Cinema" do livro "A Sociedade Enfrenta sua Mídia", configuram características notórias da crítica de cinema. Vale ressaltar que, apesar do objeto  da crítica ser uma obra televisiva, muitas das características da crítica cinematográfica merecem ser mantidas.

No decorrer do texto, ao se analisar o enquadramento do real, observa-se uma afirmação por autoridade construída através da experiência que o autor fez do objeto analisado; no que tange a pressupostos comuns, tem-se valores compartilhados por um grupo de pessoas (aquele que acompanha a série); na etapa do reenquadramento do real, percebe-se uma associação, na medida em que é feita uma correspondência entre aspectos do episódio analisado e de episódios anteriores a ele, bem como uma dissociação, uma vez que a crítica analisa separadamente a trama essencial do episódio e as especulações geradas por desdobramentos secundários. É possível notar também que uma ligação com a tese do texto é feita de forma analógica, através de exemplos relacionados ao passado da série, tipo de desenvolvimento possibilitado pelo vasto conhecimento do autor com relação ao conjunto televisivo no qual a obra em questão se encontra inserida.

Com relação ao tipo de público que o autor visa, nota-se uma preocupação em situar o leitor com relação aos eventos específicos do episódio discutido, porém, não é feita qualquer tentativa de formar um panorama sobre a trama geral da série, portanto, não é oferecida aos leitores que não acompanham a série  a possibilidade de compreender a mensagem total da crítica. Com isso, pode-se dizer que o texto destina-se a um público especializado.

Durante todo o texto, torna-se evidente o fato de que a crítica desenvolvida é positiva, ou seja, não é maldizente, apesar de apontar aspectos negativos da composição, cumprindo o papel de deixar que os leitores possam formular suas próprias opiniões sobre o objeto explorado. A crítica analisa e esclarece seu alvo, sendo útil tanto para os leitores quanto para os produtores do conteúdo debatido.

Tomando a crítica sob o ponto de vista do seu papel de agradar aos leitores (TORRES, EDUARDO CINTRA. A Ética e a Crítica Jornalística, Ensaio, 2003), a peça consegue cativar aqueles que a leem através da escolha de linguagem, a exemplo do fragmento "após todos os forninhos caírem na cabeça do fandom de Doctor Who", que faz referência a um elemento da cultura popular ("forninho") e usa termos característicos da internet ("fandom"), e do uso da primeira pessoa do plural, criando uma aproximação entre crítico e público, que são colocados em um mesmo patamar. Além disso, a crítica não procura adaptar  seu pensamento ao que se presume ser a visão do leitor visado. Sendo assim, o texto apresenta argumentos diferenciados, que enriquecem a experiência do leitor, além de contribuírem para a credibilidade do autor.

Por fim, na conclusão do texto encontra-se uma tabela que abrange dados como o número do episódio, o país de origem e a data de lançamento da produção, o diretor, o roteirista, o elenco e a duração da exibição do trabalho, buscando trazer conhecimentos extras acerca da confecção do episódio, criando uma nova afluência com o texto "Crítica Jornalística de Cinema", mostrando mais uma vez que muitos dos aspectos da crítica da "sétima arte" também se aplicam à crítica da popular "TV".


Texto por Julia Caneschi

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