terça-feira, 7 de outubro de 2014

‘’O glorioso retorno de quem nunca esteve aqui’’

O rapper EMICIDA é conhecido por suas letras de cunho social e engajado. Suas músicas contam histórias de sua vida, de sua infância e da sociedade como um todo. Natural da zona norte de São Paulo, o artista expressa, em suas letras, toda dificuldade que sofreu por pertencer a uma classe socialmente desfavorecida.

O cantor já produziu   6  CDs, e o mais recente deles apresentou maior repercussão. O álbum se chama “O glorioso retorno de quem nunca esteve aqui” e conta com a participação de cantores como Rael, Pitty, Mc Guime , Wilson das Neves, Tulipa Ruiz, Quinteto em branco e preto, Luizinho 7 Cordas, e Juçara Marçal.



O CD em questão apresenta 14 faixas e entre uma música e outra temos a leitura  de um poema feito e lido por EMICIDA e Elisa Lucinda. O poema se chama “Milionário do sonho” e defende a questão social, a capacidade de sonhar, alerta sobre a alienação do povo e sobre a desigualdade.

O trabalho é engajado, feito  para todos,  mas, em especial,  para a periferia. A gravadora é independente e o preço do CD é acessível ao seu publico alvo (5 reais). Ao contar histórias de sua vida, as músicas adquirem identificação com a população que vê nelas uma forma de protesto e de união do povo. A técnica usada nas letras segue o estilo do HIP- HOP, palavras quebradas que se encaixam,  gerando dinamismo e ritmo à poesia.
 A linguagem é extremamente popular para manter a coerência. O povo escuta quem fala como o povo, quem é do povo, quem ajuda o povo e quem fala dele. Para EMICIDA, seu trabalho tem objetivo de dar voz à comunidade “Botei a rua no pódio’’ diz em uma das músicas. Ele argumenta sobre o histórico de desigualdade do país e como isso pode fazer com que as pessoas se sintam mais motivadas a lutar por seus direitos. O RAP estimula o povo a seguir em frente e EMICIDA dá sua história como exemplo: “levanta e anda’.’
O Rapper inovou seu trabalho e o RAP brasileiro através desse álbum, ao trabalhar com uma banda completa, composta por músicos de todos os estilos.  Trouxe mais sofisticação através da qualidade do som e da capa. Ele aparece na capa usando um terno, símbolo de sofisticação,  o que é interpretado como uma proposta de união de dois mundos,  “ já que o rei não vai virar humilde, vou fazer humilde virar rei”.
 O álbum recebeu esse nome em menção à crescente participação do povo que agora vem tomar seu lugar   na sociedade.  O artista cumpre o seu objetivo com esse projeto, pois  atinge o público alvo e vai além: povo, luta, mistura, fé, igualdade, musicalidade, informação, cultura e poesia definem   ‘’ O Glorioso retorno de quem nunca esteve aqui’’.
EMICIDA tem noção de que sua arte o levou para fora de sua realidade  ‘’meus poemas me trouxe onde eles não habita’’, mas a essência se manteve a mesma: Colocar  a favela no pódio. 

                                                                   Laura da Conceição Oliveira 

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